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RIO DE JANEIRO

‘Nunca fui garoto de recado’, diz Lucas Tristão ao depor para Tribunal

Ao todo, 27 testemunhas de defesa e acusação foram convocadas; quatro pediram para não serem ouvidas.

Publicado em 17/12/2020 às 00:00

Preso, Lucas Tristão depõe por videoconferência (Foto: Henrique Coelho/G1 Rio)

O ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais, Lucas Tristão, foi o primeiro a ser ouvido nesta quinta-feira (17) pelo Tribunal Especial Misto que julga o afastamento do governador Wilson Witzel. Preso, ele prestou depoimento por videoconferência.

Ex-aluno e braço direito de Witzel, ele é acusado de espionar deputados e hoje se diz inimigo do governador afastado.

Nunca fui garoto de recado e nunca participei nem tomei conhecimento de qualquer negócio espúrio com o governador”, disse.

Witzel foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por suspeita de corrupção. Segundo as investigações, ele seria o chefe de uma organização criminosa que teria desviado recursos públicos da área de Saúde durante a pandemia.

Questionado sobre um encontro entre Witzel, o empresário Mário Peixoto e outros intermediários para a reclassificação da OS Unir Saúde, Tristão negou participação:

Não tenho qualquer conhecimento a não ser as próprias narrativas ministeriais acerca do processo de reclassificação da Unir”.

A organização social Instituto Unir Saúde fechou vários contratos com a Secretaria de Saúde entre os anos de 2018 e 2019 até ser desqualificada como OS pelo estado em outubro de 2019.

Segundo as investigações da Operação Favorito, a OS movimentou mais de R$ 180 milhões em contratos de gestões de Upas na Baixada e teria como donos Mário Peixoto e seu operador financeiro Luiz Roberto Martins.

Tristão falou que, ao se mudar para o Rio, passou a ter um vínculo de amizade com Mário Peixoto, mas hoje não mantém mais contato com o empresário.

Foi meu cliente, o filho dele também foi meu cliente, e desde 1º de janeiro, quando me mudei para o Rio de Janeiro, desenvolvi um relacionamento de amizade com ambos”.

Eu nunca fui interlocutor ou intermediário de quem quer que seja, nunca fui garoto de recados. Sempre falei por mim mesmo”.

Ele também negou ter conhecimento de disputas entre grupos liderados pelo Pastor Everaldo e por Mário Peixoto.

Sobre os documentos do escritório de Helena Witzel que foram encontrados em sua sua casa, preferiu fazer uso do direito de permanecer calado.

O segundo a depor foi o sócio da OS Unir Saúde, Luiz Roberto Martins Soares, que também está preso e prestou depoimento por videoconferência.

Ele negou todas as acusações e ao ser questionado se um dos citados em uma escuta telefônica seria Mário Peixoto disse: “Não me lembro”.

O advogado de defesa afirmou que Luiz Roberto só responderá essa pergunta em juízo.

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