A Justiça determinou o afastamento por 180 dias do vereador Vander Temponi Faria (PTB), de Volta Redonda (RJ), por suspeita de rachadinha. A decisão foi divulgada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) nesta terça-feira (27).
O juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa, acatou o pedido feito pelo MPRJ após uma denúncia de que Temponi seria o líder de "uma organização criminosa [criada] para proporcionar o desvio de grande volume de dinheiro público".
O MPRJ identificou a participação de três servidores comissionados no esquema de rachadinha. Além de Temponi, eles também são investigados por envolvimento em organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e usurpação de função pública.
No decorrer das investigações, o Ministério Público apurou que "os servidores ficavam com apenas cerca de R$ 1 mil dos mais de R$ 7 mil que recebiam oficialmente a título de salário".
"Isso era feito mediante a tomada sistêmica da maior parte do salário de servidores nomeados em seu gabinete, com entrega pessoal de valores em espécie, transferências em favor do próprio vereador ou a terceiros com quem Temponi mantinha compromissos", explicou o MPRJ.
Um dos destinos das transferências financeiras seria para uma empresa que tem como sócia a esposa do parlamentar. De acordo com o MPRJ, foram identificadas pelo menos 47 repasses de dinheiro entre janeiro de 2021 e julho de 2022.
O MPRJ informou ainda "que o vereador praticou por diversas vezes o delito de lavagem de dinheiro com intuito de ocultar e dissimular a origem dessas remunerações que eram desviadas."
A partir da denúncia, a Justiça determinou que Temponi seja afastado do cargo e cumpra com algumas medidas, como: comparecer em juízo a cada dois meses, não ter contato com testemunhas e pessoas envolvidas na investigação, não ficar fora da Comarca por mais de cinco dias, não entrar e permanecer em dependências dos Poderes Executivo e Legislativo do de Volta Redonda e do estado do Rio de Janeiro, além de não poder assumir, tomar posse ou ser nomeado a qualquer cargo público nas esferas municipal, estadual e federal.
Em nota, a assessoria do vereador informou que ele está com a "consciência tranquila" e tem "certeza [de] que tudo será resolvido". Disse também que o advogado de defesa "vai se inteirar do teor do processo e da acusação".
O presidente da Câmara de Volta Redonda, Paulo Conrado, disse que não foi notificado da decisão.
Investigação na Câmara
A denúncia feita pelo MPRJ é um desdobramento da operação Nefasta, realizada neste mês de junho, que apura a contratação de um funcionário fantasma para o gabinete do vereador Antonio Regio Gonçalves Dias, o Lela (PSC).
Na ocasião, o MPRJ cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao vereador e do servidor Jorge Amado Oliveira Cunha, o Baianinho do Salão.