No velório do goleiro Christian Esmério, um dos dez jovens atletas do Flamengo que morreram em um incêndio em um alojamento no Ninho do Urubu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, familiares lembraram do esforço do adolescente em se tornar um grande jogador. De acordo com o tio, mesmo de folga, ele decidiu permanecer no centro de treinamento para não deixar Arthur Vinícius, de fora da cidade, sozinho no dia do aniversário. O outro atleta também foi uma das vítimas do incêndio.
Christian foi sepultado no começo da tarde de domingo (10) no cemitério de Irajá, na Zona Norte da cidade. Segundo o tio de Christian, Alan Silva, o rapaz preferiu ficar no alojamento, mesmo estando de folga, porque seria aniversário de Arthur Vinícius e não queria deixá-lo sozinho, porque a família morava em Volta Redonda e não estaria com ele.
“Ele não voltou porque no outro dia era o aniversário do rapaz de Volta Redonda e ele estava sozinho. Quando era assim, eu pegava, a gente sempre pegava. Por isso que ele não desceu. O garoto não tinha ninguém aqui, por isso ele não foi para casa”, afirmou o tio.
O jogador Arthur Vinícius, que completaria 15 anos no sábado (9), foi a primeira vítima da tragédia a ser sepultada, em Volta Redonda. O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e Samuca Silva, prefeito de Volta Redonda, estiverem presentes no velório.
“O Christian era uma pessoa fenomenal. Ele tinha o sonho dele de tirar o pai e a mãe da favela, de chegar à seleção brasileira”, relembrou Alan.
“O Christian era uma pessoa fenomenal. Ele tinha o sonho dele de tirar o pai e a mãe da favela, de chegar à seleção brasileira”, relembrou Alan.
Alan Silva destacou que o futebol brasileiro perdeu um grande talento.
“A gente só tem a agradecer. Meu sobrinho foi muito feliz no Ninho. A carreira dele alavancou, mas, infelizmente aconteceu uma tragédia. Perdemos um grande jogador, um grande guerreiro”, completou.
A vontade de melhorar a vida da família também foi lembrada por Thiego Santos, amigo da família e considerado um empresário.
“A projeção do Christian era muito grande, até por ter 15 anos, ele era grande, perfil europeu, tinha sondagens e estava para se concretizar em março, quando ele ia fazer 16 anos e assinar o contrato profissional. É uma dor que vamos carregar para o resto da vida”, lamentou Thiego.
Ele também lembrou dos desafios enfrentados pelo menino e sua família para que ele chegasse até o Flamengo. “Todos ajudavam com passagem, lanche levando de carro, lombo. Era um moleque extrovertido, era o sonho dele”.