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ITATIAIA

Bombeiros encerram buscas em Itatiaia após cabeça d'água matar duas pessoas

Vítimas fatais são homem de 55 anos e jovem de 18.

Publicado em 22/01/2019 às 02:47

Cabeça d'água deixa dois mortos em Itatiaia (Foto: Reprodução/TV Rio Sul)

Os bombeiros encerraram oficialmente na tarde desta segunda-feira (21) o trabalho de buscas após uma cabeça d'água matar duas pessoas no Paraíso Perdido, em Itatiaia, no Sul do Rio de Janeiro. O local é frequentado por moradores e turistas que costumam tomar banho de rio.

Duas pessoas morreram na tragédia: José Soares, de 55 anos, e Júlia Machado Miranda, de 18 anos. Os corpos já tinham sido resgatados mas a corporação decidiu estender a operação para descartar totalmente a possibilidade de outras vítimas.

José Soares será enterrado em uma cidade no interior de São Paulo. Porém, a família não quis dar mais detalhes. Até a publicação desta reportagem não havia informação sobre o velório e enterro de Júlia Machado Miranda.

Cabeça d'água

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a cabeça d'água acontece depois de uma chuva forte que aumenta o nível do rio e provoca enxurrada por conta do fluxo de água. De acordo com a Defesa Civil os primeiros sinais de uma cabeça d’água são o aparecimento de muitas folhas no rio e em seguida, o aumento gradual do nível da água.

Foi exatamente o que aconteceu em Itatiaia. A chuva começou na parte alta do Parque Nacional, a mais de 2.400 metros de altitude. Chegou a cair granizo. O condutor de visitantes credenciado do parque, Fábio Chaves de Carvalho, estava no local. “A tragédia só não foi maior, porque muitos banhistas já tinham ido embora. Para quem não conhece lá em cima, lá tem um solo raso e muitas pedras, então a água não penetra, ela bate no solo e forma uma enxurrada rapidamente e escorre para o rio. Foi por isso que ocorreu a cabeça d’água no Rio Campo Belo. Lá embaixo o tempo estava bom, sol e o pessoal não soube da chuva lá em cima, porque essa chuva foi muito isolada”, disse.

De acordo com a Defesa Civil de Resende, o trajeto dessa cabeça d'água pode durar até seis horas. Porém, entre a parte alta do Parque e o local onde a tragédia aconteceu existem muitos trechos que não são habitados e a comunicação é difícil.

A cabeça d'água fez o nível do Rio Campo Belo subir aproximadamente três metros. A área do Paraíso Perdido conta com placas mas não com alertas sonoros sobre tromba ou cabeça d'água.

"A gente foi descendo e ouviu a gritaria aqui na frente. Disseram que tinha uma menininha sendo arrastada, eu achei que estava se afogando, quando eu cheguei lá eu vi que a água tinha subido muito rápido, a gente voltou para ter noção da situação e já tava levando muita gente, muita gente que estava na beira conseguiu sair a tempo’’, disse Marcio Ramos que estava no meio das pessoas no momento da tragédia.

'Pensamos em voltar para dar outro mergulho'

Até pensamos em voltar para dar outro mergulho, mas ouvimos trovoadas. Infelizmente muitas pessoas não tem esse conhecimento... Lá no local [Paraíso Perdido] não choveu. Se não tivéssemos esse conhecimento provavelmente teríamos voltado [para a água]". O relato é da moradora de Itatiaia Ana Júlia Bastos. Ela é frequentadora do Paraíso Perdido mas essa foi a primeira vez que ela viu uma cabeça d'água. "É algo muito maior do que eu imaginava”.

Ana Júlia estava com a mãe, o irmão e duas tias em uma pousada, que fica localizada dentro do Parque Nacional do Itatiaia e dá acesso ao local do acidente.

Minhas tias já estavam lá e eu cheguei depois do almoço e a água estava normal. A água estava não estava agitada. Eu fiz até um vídeo antes, sem saber o que estava por vir. Saímos da água umas 15h e, como nosso chalé é perto, até pensamos em voltar para dar outro mergulho, mas ouvimos trovoadas lá pelas 16h”.

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