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CRISE

Moradores usam criatividade para driblar crise no Sul do Rio

Sem conseguir emprego, muitos passaram a trabalhar por conta própria.

Publicado em 22/02/2018 às 02:19

Morador de Volta Redonda apostou na venda informal para vencer crise (Foto: Gilberto Barreira/Arquivo Pessoal)

Aos 39 anos, o morador de Volta Redonda Gilberto Barreira Júnior encontrou na venda de suco de laranja uma saída para vencer a crise e conseguir sustentar a família.

Acostumado com o mundo das vendas, ele atuava como gerente de logística em uma loja de eletroeletrônicos. Foram 13 anos trabalhando com carteira assinada e benefícios, mas em 2011 veio a notícia que muitos brasileiros temem e que se tornou tão comum: demissão. Ele foi desligado da empresa e precisou buscar novas formas de conseguir dinheiro.

A própria vida e as dificuldades me condicionaram para a venda e para a crise. Eu passei a vender bala e outros doces e conseguia assim o meu dinheiro. Cheguei a comprar um boneco para me fantasiar e muitas vezes precisei da ajuda de amigos. Também vendi alguns materiais pessoais, mas a única coisa que não consegui vender foi um espremedor de laranja, porque era apenas dele que eu precisava. Então eu fui pra rua vender suco”, disse Gilberto.

O tempo foi passando e o ‘negócio’ expandindo. “Posso dizer que a melhor coisa que fiz na minha vida foi ter coragem de ir para rua. Hoje eu tenho clientes fiéis e consigo ajudar outras pessoas que ficaram desempregadas e também estão comigo na venda do suco”.

Uma realidade que não foge a dos mais de 12 milhões de brasileiros que estão desempregados, número que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) representa um aumento de 37% em relação ao início de 2016.

De acordo com dados do Caged, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, em 2017 o número de postos de trabalho fechados no Sul do Rio chegou a mais de 2,6 mil. No mesmo ano, foram abertos aproximadamente 2,3 mil novos postos nos municípios.

A procura pelo trabalho informal se tornou uma consequência desses números. Muitos precisaram recorrer aos “bicos” ou mesmo começar a empreender. Passaram a trabalhar sem carteira assinada mas conseguindo dinheiro para chegar ao fim do mês.

Desemprego x Empreendedorismo

No caso da Cátia Andreia da Silva Vianna , de 49 anos, o desemprego mostrou um lado empreendedor que ela não sabia que tinha. Formada em design de interiores, ela trabalhava como diretora de uma empresa de segurança em Volta Redonda, RJ. Foi aí que em agosto de 2017, ela também entrou para a estatística e precisou usar a criatividade para se reinventar e buscar uma nova forma de fazer dinheiro.

Em novembro eu tive a oportunidade de abrir um café dentro de um salão de beleza. Costumo dizer que foi um recomeço. Toco o espaço sozinha. Ser seu próprio chefe parece fácil: não receber ordens, fazer o próprio horário…, mas tem que acordar cedo e trabalhar duro, senão, o negócio não rende. Mas tem valido a pena. Estou feliz e bem resolvida”.

Na busca por uma mudança na realidade financeira, muitos apostam no empreendedorismo. Na região Sul do Rio 77,8 mil pessoas possuem cadastro como microempreendedores individuais. Um número que cresce a cada dia.

Em Volta Redonda são mais de 12 mil optantes, em Resende são cerca de 8 mil MEI´s e em Barra Mansa, mais de 9 mil pessoas possuem cadastro ativo.

Segundo o Sebrae, a maior parte das pessoas que se tornam microempreendedores individuais não possuem experiência com negócios, por serem ex-funcionários ou mesmo por estarem desempregados.

A coordenadora regional do Sebrae no Médio Paraíba, Ana Lúcia de Araújo Lima, explica que a principal dica para quem quer se tornar microempreendedor é se planejar.

Colocar a ideia no papel, testar o modelo de negócio e construir de forma organizada uma proposta de valor que seja importante para o mercado é fundamental. A empresa deve existir para atender um cliente ou solucionar um problema. Se o empreendedor investir mais tempo no planejamento do negócio, a probabilidade de sucesso é maior”.

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