O estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro, teve uma nova lista de demissões. Nos últimos três anos, cerca de dez mil metalúrgicos tiveram os contratos encerrados com o estaleiro.
O Brasfels chegou a ter quatro obras ao mesmo tempo, com empresas na fila de espera disputando espaço para construir mais. Atualmente, só tem uma obra em andamento. Na medida em que as etapas da única obra são concluídas, os trabalhadores são dispensados. Só neste ano de 2018, em janeiro, 308 pessoas foram demitidas. Em fevereiro, 60 trabalhadores já perderam emprego.
"Isso realmente nunca aconteceu em 17 anos que o estaleiro está aberto. Nós estamos trabalhando somente com uma obra. Então ela já está em fase de término. Então conforme vai acabando as disciplinas no seu trabalho na plataforma, as demissões estão acontecendo", disse Cristiana Marcolino, presidente do sindicato dos metalúrgicos.
É um efeito cascata. Se no estaleiro não tem funcionários, as lanchonetes, restaurantes e farmácias que tem em volta também não tem clientes.
"É uma sensação de tristeza e de preocupação. A gente vê essas demissões. A gente não sabe para onde esses jovens vão, esses pais de família vão, porque infelizmente é uma incerteza", falou o Manoel Sales, diretor executivo.
A indústria naval do estado ainda perdeu isenção fiscal. Ou seja, pra construir navios ou plataformas no Rio de Janeiro, as empresas têm pagar 21% a mais de imposto. O que torna a negociação menos atrativa.
"Um ano atrás, dois anos, mais ou menos, isso aqui era um movimento imenso. Mais fácil você acertar o número da Mega Sena, do que conseguir uma oportunidade de emprego hoje, porque está muito difícil. Não tá fácil", desabafou o instrumentista, José Rodrigues Oliveira.
