Portal da Cidade Vassouras

BEBÊS

Polvo de crochê ajuda na recuperação de bebês prematuros

Hospitais de Volta Redonda, Barra Mansa e Angra dos Reis recebem o material nas UTIs neonatais.

Publicado em 17/10/2019 às 05:00
Atualizado em

Davi na incubadora com o polvinho (Foto: Reprodução/TV Rio Sul)

Depois de complicações em uma gravidez de risco, a enfermeira Viviane Xavier precisou ser submetida a uma cirurgia de emergência em Volta Redonda, no Sul do Rio de Janeiro. Uma hora depois, nasceu Davi, com apenas sete meses de gestação e 980 gramas.

Na UTI neonatal, em meio a tubos e aparelhos de ventilação, um polvo feito de crochê servia de companhia para o bebê prematuro.

Sem contato com a mãe, o menino foi simbolicamente acompanhado pelo brinquedo durante o processo em que recebeu cuidados especiais. “Eu fui ver o meu filho três dias depois do parto. Nossa preocupação é de que ele não fosse sobreviver”, lembrou Viviane.

Durante a internação, os pais perceberam que o brinquedo acalmava o menino que, vez ou outra, se assustava com o barulho dos equipamentos. E o polvo de crochê continuou acompanhando a criança. “A gente via que ele apertava o polvinho e ficava mais tranquilo”.

Davi recebeu alta pouco mais de dois meses depois. Com boa evolução, a liberação do hospital aconteceu sete dias antes do previsto pela equipe médica.

Efeito positivo no bebê e nos pais

Uma combinação de linha, agulha e muito amor, que passou a fazer a diferença na recuperação e no desenvolvimento de crianças prematuras internadas nas UTIs neonatais do Sul do Estado.

O projeto OctoVR teve início em Setembro de 2017 e já confeccionou mais de 2 mil polvos que fazem companhia a bebês que passam os primeiros dias de vida em uma encubadora.

É um projeto de amor pela recuperação do prematuro. Em vez de ele ficar sozinho na encubadora, ele ganha um amiguinho. Quando os pais veem os bebês agarradinhos com o polvinho, isso humaniza a UTI”, explicou a embaixadora do projeto no Sul do Rio, Bernadete Faria Monteiro.

Com o passar do tempo, outras mulheres decidiram se juntar ao projeto, que atende crianças internadas em Volta Redonda, Angra dos Reis, na Costa Verde, e também em Barra Mansa.

Inicialmente, duas unidades médicas da região utilizavam o polvo de crochê na recuperação dos bebês. Agora, seis hospitais das redes pública e particular aderiram ao projeto. Em troca de um polvinho, os pais podem doar materiais para que mais brinquedos possam ser confeccionados.

O projeto Octo começou em 2013, na Dinamarca. O polvo foi escolhido por ter “braços” que acolhem o bebê. Os tentáculos macios podem ser agarrados e evitam que o bebê puxe os fios e sondas. O corpinho ajuda no posicionamento do bebê na incubadora e transmite calma e proteção ao recém-nascido, lembrando o útero materno.

A assistente social na UTI neonatal do Hospital São João Batista, em Volta Redonda, Patrícia Lacerda, acompanha os pais durante o tempo em que os bebês ficam internados. Ela explica que o efeito positivo é notado não só na criança.

"Os pais estão em um momento muito fragilizado por terem que deixar o filho na UTI. Estão chateados, inseguros com o que pode acontecer. O polvinho traz um sorriso para o rosto deles. Parece ser uma esperança em meio a um turbilhão de incertezas”.

Ainda não há evidências científicas dos benefícios do uso do polvo de crochê para os bebês prematuros. Apesar disso, são notadas melhoras nos sistemas cardíacos e respiratórios, além de um aumento no nível de oxigênio no sangue dos bebês que fizeram amizade com os polvos de crochê.

Deixe seu comentário