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ITATIAIA

Banhista que registrou cabeça d'água disse que pensou em voltar para mergulhar

Fenômeno aconteceu no fim da tarde de domingo (20).

Publicado em 21/01/2019 às 21:31

Moradora registra cabeça d`água em Itatiaia (Foto: Reprodução/TV Rio Sul)

"Até pensamos em voltar para dar outro mergulho, mas ouvimos trovoadas. Infelizmente muitas pessoas não tem esse conhecimento... Lá no local [Paraíso Perdido] não choveu. Se não tivéssemos esse conhecimento provavelmente teríamos voltado [para a água]". O relato é da moradora de Itatiaia, no Sul do Rio de Janeiro, Ana Júlia Bastos. Ela é frequentadora do Paraíso Perdido mas essa foi a primeira vez que ela viu uma cabeça d'água. "É algo muito maior do que eu imaginava”.

Ana Júlia estava com a mãe, o irmão e duas tias em uma pousada, que fica localizada dentro do Parque Nacional do Itatiaia e dá acesso ao local do acidente.

Minhas tias já estavam lá e eu cheguei depois do almoço e a água estava normal. A água estava não estava agitada. Eu fiz até um vídeo antes, sem saber o que estava por vir. Saímos da água umas 15h e, como nosso chalé é perto, até pensamos em voltar para dar outro mergulho, mas ouvimos trovoadas lá pelas 16h”.

A tragédia no Paraíso Perdido, no fim da tarde de domingo (20), matou duas pessoas. O local é destino de muitos moradores e turistas que costumam se banhar em dias de calor. O corpo de Júlia Machado Miranda, de 18 anos, foi localizado a 300 metros do Paraíso Perdido. Ele foi resgatado na manhã desta segunda-feira. Já José Soares, de 55 anos, foi resgatado na noite de domingo e levado para o IML.

Cabeça d'água

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a cabeça d'água acontece depois de uma chuva forte que aumenta o nível do rio e provoca enxurrada por conta do fluxo de água. De acordo com a Defesa Civil os primeiros sinais de uma cabeça d’água são o aparecimento de muitas folhas no rio e em seguida, o aumento gradual do nível da água.

Foi exatamente o que aconteceu em Itatiaia. A chuva começou na parte alta do Parque Nacional, a mais de 2.400 metros de altitude. Chegou a cair granizo. O condutor de visitantes credenciado do parque, Fábio Chaves de Carvalho, estava no local. Segundo ele, a chuva começou às 14h.

A tragédia só não foi maior, porque muitos banhistas já tinham ido embora. Para quem não conhece lá em cima, lá tem um solo raso e muitas pedras, então a água não penetra, ela bate no solo e forma uma enxurrada rapidamente e escorre para o rio. Foi por isso que ocorreu a cabeça d’água no Rio Campo Belo. Lá embaixo o tempo estava bom, sol e o pessoal não soube da chuva lá em cima, porque essa chuva foi muito isolada”, disse.

De acordo com a Defesa Civil de Resende, esse trajeto da cabeça d'água pode durar até seis horas. Porém, entre a parte alta do Parque e o local onde a tragédia aconteceu existem muitos trechos que não são habitados e a comunicação é difícil.

A cabeça d'água fez o nível do Rio Campo Belo subir aproximadamente três metros. A área do Paraíso Perdido conta com placas mas não com alertas sonoros sobre tromba ou cabeça d'água.

"A gente foi descendo e ouviu a gritaria aqui na frente. Disseram que tinha uma menininha sendo arrastada, eu achei que estava se afogando, quando eu cheguei lá eu vi que a água tinha subido muito rápido, a gente voltou para ter noção da situação e já tava levando muita gente, muita gente que estava na beira conseguiu sair a tempo’’, disse Marcio Ramos que estava no meio das pessoas no momento da tragédia.

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