A Polícia Civil informou que um dos três presos por suspeita de manter a idosa suíça em cárcere privado há mais de seis meses em Paraty (RJ) já teve um relacionamento com ela. Os dois moraram juntos entre 2013 e 2017, na mesma casa onde a vítima foi resgatada, no bairro Ponte Branca.
De acordo com a Polícia Civil, o homem, de 42 anos, disse que os dois eram amigos e foi chamado pela idosa para morar com ela. Ele, no entanto, nega o relacionamento — fato que foi confirmado por várias testemunhas.
Em 2017, ainda segundo a polícia, o suspeito começou um outro relacionamento e deixou a residência, mas "continuou rondando o imóvel". Por já conviver com a idosa há bastante tempo, ele tinha conhecimento do patrimônio dela, o que motivou o cárcere.
"Os fins para esse confinamento são relativos à obtenção de vantagens financeiras. Há indícios e elementos de que um dos partícipes dessa organização criminosa recebera uma escritura de um imóvel situado em Cunha (SP), no valor aproximado de R$ 1,8 milhão", explicou o delegado Marcelo Russo.
O homem e um outro rapaz, de 27 anos, foram presos no momento em que chegavam à casa onde mantinham a idosa em cárcere privado. Eles tentaram fugir, mas foram alcançados.
Já o terceiro, um jovem, de 20 anos, apontado como um gerenciador do cárcere que passava a noite na residência, foi encontrado dentro do imóvel.
Suspeitos transferidos para Cadeia Pública
Os três suspeitos passaram a noite na delegacia de Paraty e foram transferidos para a Cadeia Pública de Volta Redonda (RJ) na manhã desta quarta-feira (31). Eles devem passar por uma audiência de custódia nesta quinta-feira (1°).
Os homens respondem por cárcere privado duplamente qualificado, privação de liberdade por mais de 15 dias, associação criminosa e privar uma pessoa idosa de suas necessidades básicas. Somadas, as penas máximas podem chegar a 15 anos de prisão.
Já a idosa, que foi levada para o Hospital Municipal de Paraty com um quadro de confusão mental e certa debilidade física, permanece internada nesta quarta-feira. Ela está recebendo atenção médica e de uma equipe de assistentes sociais.
Denúncia levou a polícia ao local
A Polícia Civil chegou até a residência depois de uma denúncia feita por vizinhos no último domingo (28). Por causa do movimento discreto no local, os moradores achavam que a residência estava vazia.
Os vizinhos desconfiaram que havia alguém no imóvel após escutarem um barulho e perceberem que as luzes estavam acesas.
Quando observou que havia pessoas do lado de fora da residência, a idosa gritou dizendo que não tinha como sair e que só tinha ovo para comer.
Para entrar na residência e resgatar a vítima, os policiais precisaram arrombar cadeados para soltar as grades. De acordo com a Polícia Civil, ela sofria privação de necessidades básicas, tinha escassez de alimentos e comida imprópria para o consumo.