Volta
Redonda – A depressão é uma doença que acomete todas as idades. Desde os
mais novos – incluindo aí bebês – todos estão na lista de possíveis doentes. A
dificuldade é maior, no entanto, para identificar sintomas em crianças. Quanto
mais novas, maior essa barreira.
De
acordo com a psicóloga Bruna Buarque da Silva, de Volta Redonda, em geral a
criança exibe mudanças comportamentais que são facilmente confundidas com
síndromes ou mesmo com questões temperamentais. Já em relação às causas, a
psicóloga esclarece que são muitas as motivações para a depressão infantil.
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Hoje temos o Cyberbullying (tipo de violência praticada através da internet ou
tecnologias relacionadas), essa forma de violência tem sido crescente,
inclusive porque o praticante não precisa se identificar. Ainda considerando a
tecnologia, vivemos em uma ditadura da beleza e da perfeição, da magreza, da
riqueza, do TER, onde os pais sentem a necessidade de postar e ganhar
“curtidas” como prova de aceitação ou de aprovação das suas conquistas. Isso
pode aumentar muito o stress e a angústia já na primeira infância – destaca.
Outros
fatores mais comuns são separação dos pais, cobrança excessiva, abuso de
autoridade, abuso sexual, perdas. “O diagnóstico precoce sempre facilita o
tratamento de qualquer doença, por isso, é importante dar a devida importância
para possíveis mudanças comportamentais da criança”, alerta a psicóloga.
A
psicóloga afirma que a depressão é uma doença séria e deve ter a mesma
importância que qualquer outra enfermidade. Até pelo fato de poder levar a
pessoa afetada à morte.
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Como a criança tem dificuldade de expressar emoções, normalmente é possível
notar mudanças comportamentais. Temos de ficar atentos para irritabilidade,
tristeza, choro fácil, apatia, baixo desempenho escolar, baixo interesse em
atividades que faziam parte da sua rotina, inapetência ou aumento súbito do
apetite, medo específico, comunicação seletiva, recusa no afastamento das
pessoas de referência (pais, avós, professores), ausência de iniciativa e
desejo, insônia ou hipersonia, entre outras – disse.
A
psicóloga alerta que a depressão pode atingir qualquer classe social, sexo,
raça ou credo, pois todos os indivíduos estão suscetíveis às decepções,
frustrações e sentimento de ser inadequado. “O sentimento de angústia está para
além da possibilidade de poder aquisitivo; inclusive os pais precisam se
conscientizar de que o dinheiro não compra tudo. Que e o sentimento de
inadequação, a visão negativa de si mesmo e do mundo presentes na depressão,
não são substituídos pelo consumo”, comentou.
A
psicóloga chama a atenção para um fato muito importante, a criança que tem pais
ou parentes depressivos tem mais tendência ou probabilidade para ter depressão.
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Os estudos mostram que definitivamente a depressão tem relação com a genética
do indivíduo. Mas isso não significa que todo indivíduo que tem em seu
histórico um familiar com depressão, também irá desenvolver o distúrbio. É
necessário somar aos fatores externos podem aumentar a probabilidade, como por
exemplo, histórico de negligência, abuso sexual ou de autoridade, processo de
luto, doenças físicas, entre tantos outros – declara.
Tratamento
Em
relação ao tratamento, o recomendável é que o responsável leve a criança para
consulta com seu pediatra de confiança. Bruna alerta que este profissional deva
conhecer a família e possivelmente a criança desde a primeira infância.
Ela
ressalta que isso ajudará a família a organizar ideias quanto a possíveis
mudanças comportamentais. Em um segundo momento, a família deve procurar a
orientação de um psiquiatra infantil ou psicólogo, que possam conduzir o caso.
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Nossas crianças estão seguindo padrões errados de beleza, saúde, educação e
emoção. E é nossa responsabilidade auxiliá-los para um crescimento saudável na
esfera biopsicossocial – opina Bruna.