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Profissionais da ‘cozinha’ querem fomentar os negócios

O ramo de alimentação tem se destacado e cada vez mais surgem mulheres apostando na venda e confeitaria de bolos...

Publicado em 02/06/2018 às 05:00

Empresária, em parceria com Sebrae, organiza palestra para clientes (Foto: Diário do Vale)

Sul Fluminense – Com o desemprego atingindo a mais de 13 milhões de brasileiros neste primeiro semestre de 2018, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), a saída para muitos trabalhadores foi investir na informalidade para garantir a renda. Entre o público feminino, além do setor de beleza, o ramo de alimentação tem se destacado e cada vez mais surgem mulheres apostando na venda e confeitaria de bolos, tortas, doces, salgados, pães, entre outros produtos que, conforme afirmam, ajudam a garantir o sustento de toda família. Mas, para se destacarem no mercado e conseguir o maior fomento de seus negócios, as profissionais da “cozinha” afirmam que o segredo é a capacitação e o investimento em novidades, fatores determinantes para conquistar e manter suas clientelas.

É o que afirma a autônoma Renata Dias, de 40 anos, que há três anos trabalha em casa com a venda de salgados e pães. Conforme conta, inicialmente a atividade serviria como um “bico” para pagar as suas dívidas, logo após ter perdido o emprego. No entanto, ela percebeu que o negócio poderia se tornar sua fonte de renda e, sendo assim, resolveu investir em cursos e novas técnicas.

“Se a gente se propõe a fazer algo, visando que seja nossa principal fonte de sustento, isso tem que ser bem feito e elaborado. Eu sabia fazer salgadinhos e pães para consumo próprio da família. Mas, à partir do momento que quis investir na venda eu busquei me aprimorar, fiz cursos, pesquisei opções de recheios, massas e texturas para que pudesse levar um produto de qualidade e diferenciado para os clientes”, destaca Renata.

A boleira Adriana Moreira, de 37 anos, trabalha como autônoma há quase quinze anos e conta que, nesse período, foram vários os investimentos para se aprimorar, conhecer novas receitas, recheios e cobertura de tortas. Ela conta que já fez cursos em Barra Mansa, Volta Redonda, Resende e até no Rio de Janeiro e que não se arrepende.

“Eu comecei fazendo os bolos de aniversário tradicionais, com recheios básicos. Mas, ao longo do tempo fui obrigada a aprimorar e a aprender novas receitas para atender aos clientes que estão mais exigentes. As pessoas gostam de tudo que está na moda, que surge na internet, e temos que estar preparadas para atender”, comenta a boleira, ao se referir aos naked cakes, mais conhecidos como modelo de bolo “nu”, que se tornaram os queridinhos de festas de aniversário e casamento.

Conforme explicou Adriana, por ser composto, principalmente, por frutas e flores frescas na decoração, ela precisou aprender, por exemplo, a combinar as melhores opções de acordo com a estação do ano. Além disso, foi preciso investir no aprendizado de como montar as bordas, o manuseio dos medidores para o tamanho escolhido pelo cliente e, até mesmo, a melhor forma de transportar o bolo. “O naked cake é um bolo que fica à mostra e, apesar de simples, requer muito cuidado na ornamentação. Só comecei a vendê-lo quando realmente me senti segura de que havia aprendido tudo o que precisa sobre esse bolo, que a cada dia se torna mais tendência”, afirmou a boleira.

Motivando e ajudando quem trabalha na cozinha

A empresária Ana Alves é proprietária de uma loja de artigos para festas e produtos para confecção de tortas, bolos, doces, chocolates, massas, entre outros, em Volta Redonda e Barra Mansa. Para melhor atender suas clientes, a grande maioria trabalhadoras autônomas, ela tem um calendário mensal de cursos diversificados na área de culinária, todos realizados na loja e com profissionais capacitados. No mês de maio, em parceria com um projeto gratuito do Sebrae, ela organizou para suas clientes palestras cujo objetivo foi levar conhecimento e dicas de como cuidar do próprio negócio. Uma dessas palestras, ministradas pela cheff Rô Gouvêa, teve como tema: “Culinária e Empreendedorismo, a Cozinha que Vira Negócio” reuniu cerca de cem pessoas em Volta Redonda e 60 em Barra Mansa.

Além de motivação para as participantes, a palestra levou conhecimentos sobre conceitos de controle de produção, manipulação de alimentos, MEI, Simples, cuidados com a marca., importância de redes sociais, rotulagem e Informe nutricional dos produtos, finanças pessoais e atendimento ao cliente. “O retorno foi muito positivo por parte das participantes, porque sabemos que elas precisam dessa capacitação, de ter informações sobre empreendedorismo, de como investir e melhorar a fonte de renda que vem da cozinha de casa”, disse Ana, ao ressaltar que um dos pontos importantes da palestra foi a abordagem sobre a necessidade das autônomas se formalizarem através do MEI (Microempreendedor Individual) e de o utilizarem da forma correta para que não tenham prejuízos.

“Hoje muitas empreendedoras formalizadas possuem máquina de cartão de crédito, fazem suas vendas e não as declaram porque não sabem que precisam fazer isso”, explicou a empresária, ao acrescentar que benefício do MEI como, por exemplo, o direito a licença maternidade, também foram abordados durante o evento. “Muitas mulheres não sabiam que, sendo formalizadas, elas podem ter esse direito, uma vez que o cadastro no MEI esteja totalmente em dia”, observou a empresária.

A confeiteira, Carolina Sousa, participou da palestra e disse ter achado uma iniciativa excelente porque, conforme explicou, muitas das vezes a grande maioria das pessoas que prestam esse tipo de serviço não possui moções de como administrar seus negócios. “A palestra abriu nossas mentes para isso. Não temos nenhuma formação administrativa e quando o que produzimos vira um negócio lucrativo, muitas das vezes ficamos perdidas em como sobre como devemos guia-lo. A palestra, já no primeiro encontro, mostrou o quanto é importante esse olhar administrativo e financeiro do negócio, uma vez que só ter uma ideia boa não é o suficiente”, afirmou a confeiteira.

A autônoma Sandra Paula de Oliveira, que trabalha com a venda de salgados, também participou da palestra e diz ter ficado muito satisfeita com tudo o que conseguiu absorver do evento. Ela, que mora sozinha com três filhos, diz que consegue bancar todas as despesas da casa como próprio negócio e, por isso, acredita na importância de se capacitar e aprender a administrar suas vendas.

“Minha renda vem da cozinha de casa, mas eu preciso estar antenada, buscando sempre melhorar, porque não troco o que faço por emprego nenhum. O que ganho na minha cozinha patrão nenhum me pagaria, nesse momento, se eu trabalhasse de carteira assinada”, compara Sandra, ao acrescentar que ainda tem como grande vantagem o fato de poder cuidar da casa e dos filhos, enquanto prepara seus produtos. “Enquanto você põe roupas para lavar na máquina, já está cozinhando o peito de frango para o recheio do salgados e assando um bolo, ao mesmo tempo. Essa é a grande vantagem de ter o próprio negócio e, por isso, procuro sempre investir em capacitações que me permitam ficar por dentro das novidades do mundo da confeitaria para que, dessa forma, eu consiga sempre levar o melhor para a minha clientela”, disse a autônoma.

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