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EUA

Aumento de taxas do aço nos EUA repercute negativamente

Medida protecionista de Trump derrubou cotação de ações da CSN e de outras siderúrgicas na Bovespa.

Publicado em 03/03/2018 às 22:58

Aço brasileiro sofre com seguidas disputas internacionais de mercado (Foto: Divulgação)

As ações da CSN fecharam na sexta-feira (02) em queda de 5,05% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) depois do anúncio feito pelo presidente Donald Trump de que os Estados Unidos irão impor uma nova taxa para importação de aço e de alumínio. A Usiminas, principal rival da CSN, também sofreu: queda de 3,90%. Outra gigante da siderurgia, a Gerdau, fechou em alta de 9,05%, porque, como tem grande parte de sua produção nos EUA, vai se beneficiar com a medida.

As bolsas de valores da Ásia fecharam em baixa no último dia da semana passada, e o mercado financeiro europeu também apresentou baixas nas operações da manhã, num possível reflexo da reação negativa à decisão de Trump.

Com a decisão, o aço exportado de outros países para os EUA terá 25% de taxas a partir da semana que vem segundo o anúncio feito pelo mandatário na Casa Branca. Já as importações de alumínio terão tarifas de 10%, Trump defendeu a medida protecionista como necessária para fortalecer a indústria siderúrgica americana.

Vamos reconstruir nossa indústria de alumínio”, afirmou. Ele acusou outros países de “arruinar o alumínio nacional” e afirmou que a culpa vem de erros na própria condução da política comercial norte-americana em gestões anteriores.

Quedas

No Japão o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio mostrou queda de 2,50% e na China e em Hong Kong as quedas foram de 0,59% e 1,48% respectivamente. Pouco depois do anúncio das taxas, os efeitos foram sentidos na própria bolsa americana e Wall Street fechou nessa quinta-feira com baixa de 400 pontos.

Internamente, as grandes montadoras terão de pagar mais pelo aço e alumínio usado na fabricação de automóveis. As novas tarifas vão afetar grandes mercados exportadores de aço para os Estados Unidos, como a China, Japão e Coreia do Sul, este dois últimos importantes aliados do país. O Brasil também é um grande exportador de aço para o mercado americano.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) brasileiro, a restrição comercial imposta por Trump ao aço e alumínio afetará as exportações nacionais de ambos os produtos e pode resultar em uma contestação brasileira da medida nos organismos internacionais.

Em nota oficial, o MDIC informou que o governo brasileiro espera chegar a um acordo com os EUA para evitar a aplicação das tarifas, mas caso isso não seja possível, o país pode questionar a elevação das tarifas em foros globais. “O governo brasileiro não descarta eventuais ações complementares, no âmbito multilateral e bilateral, para preservar seus interesses nesse caso concreto”, disse o ministério.

Reações internas

A reação política interna também foi imediata, até mesmo entre aliados próximos ao presidente. Em um comunicado, o senador republicano Orrin Hatch, do estado de Utah e um grande defensor de Trump, afirmou que o presidente deveria reconsiderar a decisão.

As tarifas de aço e alumínio são um aumento de impostos que os americanos não precisam e não podem pagar. Eu encorajo o presidente a considerar cuidadosamente todas as implicações de aumentar o custo do aço e do alumínio para os fabricantes e consumidores americanos“, escreveu, Hatch, que é presidente do Comitê de Finanças do Senado.

O senador republicano da Pensilvânia, Pat Toomey, rotulou a decisão de “um grande erro”.  E também afirmou que quem pagará a conta serão os consumidores finais, que terão de comprar produtos mais caros.

A imprensa americana chamou a decisão de “desastrosa” e disse que a medida poderia causar uma “guerra comercial” entre os Estados Unidos e outras nações, o que seria prejudicial ao país.

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